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Primidona

CARACTERÍSTICAS DO MYSOLINE bula do medicamento

COMPOSIÇÃO QUALITATIVA E QUANTITATIVA DO MYSOLINE
Cada comprimido contém 250 mg de primidona. Lista completa de excipientes, ver secção 6.1

RESUMO DAS CARACTERÍSTICAS DO MEDICAMENTO
MYSOLINE

1. NOME DO MEDICAMENTO
Mysoline 250 mg comprimidos

2. COMPOSIÇÃO QUALITATIVA E QUANTITATIVA DO MYSOLINE
Cada comprimido contém 250 mg de primidona. Lista completa de excipientes, ver secção 6.1

3. FORMA FARMACÊUTICA DO MYSOLINE
Comprimido.
Redondo, biconvexo, sem revestimento, branco ou quase branco, com ranhura num dos lados e com um “M” de cada lado da ranhura.

O comprimido pode ser dividido em metades iguais.

4. INFORMAÇÕES CLÍNICAS DO MYSOLINE

4.1 Indicações terapêuticas

Mysoline está indicado no tratamento do grande mal e da epilepsia psicomotora (lobo temporal). É também muito eficaz no tratamento dos ataques focais e Jacksonianos, nos espasmos mioclónicos e nos ataques acinéticos.

4.2 Posologia e modo de administração

O tratamento deve ser sempre planeado numa base individual. Em muitos casos será possível utilizar Mysoline isolado mas, em alguns, será necessário associá-lo a outros anticonvulsivantes.

Mysoline deve ser administrado com precaução em crianças, idosos, doentes debilitados ou em doentes com insuficiência renal, hepática ou respiratória. Nestes casos pode ser necessária uma redução da dose.

Mysoline é geralmente administrado duas vezes por dia. Deve iniciar-se o tratamento com 125 mg diários, ao deitar. Aumentar a dose diária em 125 mg, de três em três dias, até que o doente esteja a tomar 500 mg por dia. Depois, e de três em três dias, aumentar a dose diária em 250 mg para os adultos, ou 125 mg para as crianças com idade inferior a 9 anos – até se conseguir o controlo da situação ou até se atingir a dose máxima tolerada. Esta pode ir até 1500 mg diários em adultos e 1000 mg diários em crianças.
Doses médias diárias de manutenção:

Comprimidos (250 mg) Miligramas (mg)

Crianças até 2 anos 1 – 2 250 – 500
Crianças de 2-5 anos 2 – 3 500 – 750
Crianças de 6-9 anos 3 – 4 750 – 1000
Adultos e crianças com mais de 9 anos 3 – 6 750 – 1500
A dose diária é geralmente fraccionada e administrada em duas doses iguais, uma de manhã e outra à noite. Em certos casos pode ser aconselhável administrar uma dose maior na altura em que os ataques forem mais frequentes. Por exemplo: 1) se os ataques forem nocturnos deve administrar-se a dose completa, ou a maior parte, à noite; 2) se os ataques estiverem associados a outra situação tal como a menstruação, é muitas vezes aconselhável um ligeiro aumento da dose na devida altura.

Doentes medicados com outros anticonvulsivantes: sempre que não seja possível controlar adequadamente os ataques com outros anticonvulsivantes ou se surgirem efeitos secundários, pode utilizar-se Mysoline como adjuvante ou substituto do tratamento existente. Inicialmente, deve-se, adicionar Mysoline ao tratamento anticonvulsivante em curso, pelo método da introdução gradual anteriormente descrito. Quando se obtiver o efeito desejado e Mysoline tiver sido administrado numa quantidade equivalente a, pelo menos, metade da dose necessária, pode tentar-se a interrupção do tratamento anterior. Tal deve ser feito gradualmente durante um período de duas semanas, durante o qual pode ser necessário aumentar a posologia de Mysoline para manter o controlo. A interrupção do tratamento anterior não deve ser demasiado rápida, pois existe o risco de ocorrer o estado epiléptico. Contudo, nos casos em que o fenobarbital tenha constituído a base do tratamento anterior, tanto a sua interrupção como a substituição por Mysoline deve ser mais rápida, de forma a impedir que a sonolência excessiva interfira com o reconhecimento da dosagem mais adequada de Mysoline.

4.3 Contra-indicações

Hipersensibilidade à substância activa, primidona, a qualquer dos excipientes de Mysoline ou ao fenobarbital.

Mysoline não deve ser administrado a doentes com porfíria aguda intermitente.

4.4 Advertências e precauções especiais de utilização

Mysoline deve ser administrado com precaução e pode ser necessário reduzir a dose em crianças, idosos, doentes debilitados ou em doentes com insuficiência renal, hepática ou respiratória.

Mysoline poderá ter efeitos adversos sobre o feto, ver a secção 4.6 Gravidez e aleitamento antes de considerar a sua toma durante a gravidez.
A primidona é um potente depressor do SNC e é parcialmente metabolizada em fenobarbital. Após administração prolongada existe uma tendência para o desenvolvimento de tolerância, dependência e reacções de privação pela interrupção brusca do tratamento.

Foram notificados casos de ideação e comportamento suicida em doentes tratados com medicamentos antiepilépticos, em várias indicações terapêuticas. Uma meta-análise de ensaios aleatorizados de medicamentos antiepilépticos , contra placebo, mostrou também um pequeno aumento do risco de ideação e comportamento suicida. Não é ainda conhecido o mecanismo que explica este risco e os dados disponíveis não excluem a possibilidade de um aumento do risco para a primidona.

Os doentes devem ser monitorizados quanto aos sinais de ideação e comportamento suicida, devendo ser considerada a necessidade de tratamento adequado. Os doentes (e os prestadores de cuidados aos doentes) devem ser aconselhados a contactar o médico assim que surjam sinais de ideação e comportamento suicida.

4.5 Interacções medicamentosas e outras formas de interacção

Tanto a primidona como o seu principal metabolito, o fenobarbital, induzem a actividade enzimática hepática, principalmente o sistema enzimático CYP 450 3A4. Isto pode provocar alterações na farmacocinética de fármacos administrados simultaneamente. Os fármacos cujo metabolismo possa ser aumentado e levar a uma diminuição da concentração plasmática e/ou diminuição do tempo de semi-vida, devido a uma terapêutica concomitante são: androgéneos, beta-antagonistas, carbamazepina, ciclosporina, clonazepam, cloranfenicol, corticosteróides/glucocorticóides, ciclofosfamida, dicumarinas, digitoxina, doxiciclina, etosuxamida, etoposido, felbamato, granissetrom, lamotrigina, losartan, metadona, metronidazol, mianserina, montelacuste, nelfinavir, nimodipina, contraceptivos orais, oxcarbazepina, fentoína, quinidina, rocurónio, valproato de sódio, tiagabina, teofilinas, topiramato, antidepressores tricíclicos, vecurónio, varfarina e zonisamida.

Os seguintes fármacos inibem o sitema enzimático CYP 450 3A4 e podem originar um aumento das concentrações plasmáticas da primidona e do seu metabolito fenobarbital, quando administrados concomitantemente:
– Cloranfenicol,
– Felbamato,
– Nelfinavir,
– Metrodinazol,
– Valproato de sódio.

A erva de São João (hipericão, Hypericum perforatum) induz o sistema enzimático e pode diminuir a concentração plasmática da primidona e do seu metabolito fenobarbital, e assim, reduzir o efeito terapêutico.

O Mysoline inibe a glucuronidação do paracetamol e pode aumentar a hepatotoxicidade deste.

A ligação da teofilina às proteínas pode afectar a ligação do fenobarbital e alterar os seus níveis plasmáticos.
A administração de Mysoline pode intensificar os efeitos de outros depressores do SNC, tais como o álcool e os barbitúricos.
As interacções descritas em cima têm relevância clínica.

4.6 Gravidez e aleitamento
Gravidez
Todas as mulheres em idade fértil (com possibilidade de engravidar) deverão receber aconselhamento médico especializado antes de iniciarem o tratamento, devido ao aumento do risco de malformações congénitas.

O tratamento com medicamentos anti-epilépticos deverá ser reavaliado sempre que a mulher pretenda engravidar.

O risco de malformações congénitas é 2 a 3 vezes maior nos descendentes de grávidas medicadas com anti-epilépticos. As malformações mais frequentes são dos lábios e cavidade oral, aparelho cardiovascular e tubo neural.

O tratamento com vários medicamentos anti-epilépticos (politerapia) poderá estar associado a um maior risco de malformações congénitas relativamente ao tratamento com um único medicamento (monoterapia). Sempre que possível deverá ser utilizado um regime de medicamento único (monoterapia).

O tratamento com anti-epilépticos não deverá ser interrompido subitamente uma vez que pode aumentar o risco de crises epilépticas com consequências graves para a mãe e/ou para o feto.

Tem havido relatos de anormalidades congénitas, incluindo doença cardíaca congénita, fenda palatina e condições associadas à carência materna de ácido fólico, em lactentes nascidos de mães epilépticas tratadas com primidona. Esta informação deve ser tida em conta quando se considerar a primidona ou tratamentos alternativos da epilepsia durante a gravidez. Podem ocorrer sintomas de privação em recém-nascidos cujas mães receberam Mysoline durante a gravidez.

A terapêutica anticonvulsivante prolongada pode estar associada a uma diminuição dos níveis séricos de folatos. Como as necessidades em ácido fólico também aumentam durante a gravidez, aconselha-se que as doentes em risco sejam regularmente observadas e também é de considerar, embora seja controverso, um tratamento com ácido fólico e vitamina B12.

A terapêutica anticonvulsivante durante a gravidez tem sido ocasionalmente associada a alterações da coagulação de recém-nascidos. Por este motivo, recomenda-se a administração de vitamina K1 à mãe durante o último mês de gravidez e até ao parto. Na ausência de pré-tratamento devem ser administrados à mãe 10 mg de vitamina K1 na altura do parto e deve ser imediatamente administrado 1 mg ao recém-nascido.

Aleitamento
Durante o aleitamento, o bebé deve ser monitorizado para controlo da sedação.

4.7 Efeitos sobre a capacidade de conduzir e utilizar máquinas

Tal como acontece com a maioria dos outros anticonvulsivantes, os doentes que conduzem veículos ou operam com máquinas deverão estar prevenidos para o facto de que poderá haver uma redução no tempo de reacção.

4.8 Efeitos indesejáveis

Não existem dados clínicos actualizados sobre este produto que possam constituir uma base de avaliação da frequência dos efeitos indesejáveis. Os efeitos indesejáveis mais frequentes são a sonolência e a apatia e surgem, sobretudo no início de tratamento. Os efeitos indesejáveis são apresentados por ordem decrescente de gravidade dentro de cada classe de frequência.

Frequentes (>1/100) Perturbações gerais e Sonolência
alterações no local de administração

Doenças do sistema Apatia, ataxia, perturbações da visão,
nervoso nistagmo.

Doenças gastrointestinais Náusea

Não frequentes
(1/100-1/1000)
Perturbações gerais e alterações no local de administração
Cefaleias, tonturas.

Doenças gastrointestinais Vómitos

Afecções dos tecidos cutâneos e subcutâneas

Reacções alérgicas que afectam principalmente a pele. Podem incluir erupção cutânea maculopapular, morbifiliforme ou escarlatiniforme.

Raros (<1/1000)

Doenças do sistema nervoso

Doenças do sangue e do sistema linfático

Afecções hepatobiliares

Alterações de personalidade, que podem incluir reacções psicóticas.

Anemia megaloblástica, discrasia sanguínea.

Aumento das enzimas hepáticas, incluindo a gama-GT e a fosfatase alcalina.

Afecções músculo-esqueléticas e dos tecidos conjuntivos
Artralgia, osteomalacia. Tal como acontece com o fenobarbital, tem sido reportado contratura de Dupuytren.
Afecções dos tecidos cutâneos e subcutâneas

Reacções graves, tais como dermatite esfoliativa, síndrome de Stevens-Johnson, necrólise epidérmica tóxica e lúpus eritematoso

As perturbações da visão, cefaleias, tonturas, nistagmo, ataxia, vómitos e naúseas, são geralmente passageiros mesmo quando pronunciados. Por vezes pode ocorrer uma reacção idiossincrática envolvendo estes sintomas, numa forma aguda e grave, necessitando de interrupção do tratamento.

Pode ser necessária a administração de suplementos de vitamina D durante uma terapêutica prolongada com Mysoline, uma vez que o catabolismo da vitamina D pode estar aumentado.

Excepcionalmente e tal como acontece com a fenitoína e o fenobarbital, pode desenvolver-se anemia megaloblástica que requer a interrupção do tratamento com primidona. Esta situação pode ser controlada com ácido fólico e/ou vitamina B12.

4.9 Sobredosagem

A primidona é largamente metabolizada em fenobarbital e a sobredosagem pode induzir vários graus de depressão do SNC que, dependendo da dose ingerida, podem incluir ataxia, perda de consciência, depressão respiratória e coma.

Pode ocorrer cristalúria com a sobredosagem, o que pode constituir um meio de diagnóstico útil em caso de suspeita de sobredosagem com primidona.

Dependendo da gravidade da intoxicação, a terapêutica deverá incluir aspiração gástrica, administração de carvão activo, administração intravenosa de fluidos, diurese alcalina forçada (para obter urina com um pH de 8,0) e outras medidas gerais de suporte. Em circunstâncias de maior perigo de vida, a transfusão sanguínea (caso o doente seja hipotenso) ou hemodiálise são medidas eficazes.

Não existe um antídoto específico.

5. PROPRIEDADES FARMACOLÓGICAS DO MYSOLINE

5.1 Propriedades farmacodinâmicas

Grupo farmacoterapêutico: 2.6 – Sistema Nervoso Central. Antiepilépticos e anticonvulsivantes
Código ATC: N03AA03

O efeito de Mysoline é devido às propriedades anticonvulsivantes dos três compostos activos, nomeadamente a primidona e os seus dois principais metabolitos: o fenobarbital e a feniletilmalonamida. Não se encontra ainda estabelecida qual a contribuição relativa de cada um destes compostos para o efeito anticonvulsivante observado na prática clínica. Tal como acontece com outros anticonvulsivantes, o mecanismo de acção de Mysoline não é bem
conhecido embora seja provável que os efeitos sobre a membrana neuronal, particularmente as alterações nos fluxos iónicos, desempenhem um papel fundamental.

Tal como outros anticonvulsivantes, Mysoline pode induzir as enzimas hepáticas.

Mysoline pode também afectar o metabolismo da vitamina D, o que pode constituir uma predisposição para doenças ósseas.

5.2 Propriedades farmacocinéticas

Mysoline é rapidamente absorvido a partir do tracto gastrointestinal e o pico plasmático atinge-se cerca de 3 horas após a ingestão. A distribuição da primidona engloba todos os órgãos e tecidos: atravessa as barreiras hemato-encefálica e placentária e é excretada no leite materno. A farmacocinética da primidona é complexa devido à sua biotransformação em dois metabolitos, fenobarbital e feniletilmalonamida, que possuem acção anticonvulsivante e propriedades farmacocinéticas complexas. A primidona possui uma semi-vida plasmática de cerca de 10 horas, sendo consideravelmente inferior à dos seus principais metabolitos. Tanto a primidona como a feniletilmalonamida possuem uma fraca ligação às proteínas plasmáticas, enquanto cerca de metade de fenobarbital se liga às proteínas. Aproximadamente 40% do fármaco é excretado na urina sem sofrer alterações.

5.3 Dados de segurança pré-clínica

A primidona é um fármaco com o qual existe uma vasta experiência clínica. Todas as informações relevantes para o prescritor encontram-se descritas neste Resumo das Características do Medicamento.

6. INFORMAÇÕES FARMACÊUTICAS DO MYSOLINE

6.1 Lista dos excipientes

Povidona Gelatina
Carmelose cálcica Estearato de magnésio Ácido esteárico Água purificada

6.2 Incompatibilidades
Não aplicável.

6.3 Prazo de validade
5 anos.

6.4 Precauções especiais de conservação
Não conservar acima de 30°C.
Conservar na embalagem de origem para proteger da luz e humidade Manter o recipiente bem fechado.

6.5 Natureza e conteúdo do recipiente

Frascos de polietileno de alta densidade (HDPE) com tampa de plástico, inviolável e com fecho resistente à abertura por crianças, contendo 20 ou 60 comprimidos.
É possível que não sejam comercializadas todas as apresentações.

6.6 Precauções especiais de eliminação e manuseamento
Não existem requisitos especiais.
Os produtos não utilizados ou os resíduos devem ser eliminados de acordo com as exigências locais.

7. TITULAR DA AUTORIZAÇÃO DE INTRODUÇÃO NO MERCADO

Laboratórios Azevedos – Indústria Farmacêutica, S.A. Estrada Nacional 117-Km2 Alfragide
2614-503 Amadora
Telefone: 214725900 Fax: 21 4725990
E-mail: azevedo s(g),mail. telepac. pt

8. NÚMERO (S) DA AUTORIZAÇÃO DE INTRODUÇÃO NO MERCADO

N° de registo: 8988816 – 20 comprimidos, 250 mg, frasco de HDPE com tampa de plástico, inviolável e com fecho resistente à abertura por crianças.
N° de registo: 8988824 – 60 comprimidos, 250 mg, frasco de HDPE com tampa plástico, inviolável e com fecho resistente à abertura por crianças.

9. DATA DA PRIMEIRA AUTORIZAÇÃO/RENOVAÇÃO DA AUTORIZAÇÃO DE INTRODUÇÃO NO MERCADO

Data de revisão: 06 Agosto 2001 Data da última renovação: 10 Dezembro 2007

10. DATA DE REVISÃO DO TEXTO
29-04-2009

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